O que é ser Igreja? : A Missão como Essência da Igreja
- pastorsantinel
- há 7 dias
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A Igreja não foi criada para existir em si mesma. Ela foi chamada, vocacionada e enviada.
Sua identidade está inseparavelmente ligada à missão.
Antes de ser um lugar onde se reúnem crentes, a Igreja é um povo que vive em movimento, encarnando o amor de Cristo no mundo.
Karl Barth afirmou que “a Igreja existe para os que estão fora dela.” E essa é uma verdade central da fé cristã. A Igreja é o povo que, tendo experimentado a graça, agora vive para manifestá-la. Missão não é uma atividade periférica da Igreja — é sua essência.
Jesus disse:
“Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (João 20:21).
Isso revela que a natureza da Igreja é ser enviada, assim como o próprio Cristo o foi.
A missão da Igreja, portanto, não é construída a partir de estratégias humanas, mas da própria identidade de Deus — um Deus que se revela, se aproxima e se doa.
David Bosch, um dos maiores teólogos da missão no século XX, declarou:
“A missão é a participação da Igreja na missão de Deus.”
Ou seja, a missão não é nossa — é de Deus. Nós apenas participamos do movimento trinitário do amor que busca, restaura e reconcilia.
A teologia bíblica mostra isso de forma consistente. Em Gênesis, Deus chama Abraão para que nele “todas as famílias da terra sejam abençoadas” (Gn 12:3). Em Isaías, Israel é chamado para ser “luz para os gentios” (Is 49:6). E em Mateus, Jesus envia seus discípulos a todas as nações, dizendo:
“Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações…” (Mateus 28:19).
Esses textos revelam uma verdade inegociável: o povo de Deus nunca foi chamado para guardar a fé, mas para compartilhá-la.
Ser Igreja é estar em missão:
– no bairro, na cidade, na cultura;
– no acolhimento ao pobre, na escuta ao quebrado, na denúncia profética contra a injustiça;
– e, sobretudo, na proclamação do Evangelho que reconcilia o ser humano com Deus, com o próximo e consigo mesmo.
O missiólogo Lesslie Newbigin escreveu:
“A Igreja é o instrumento escolhido por Deus para tornar visível ao mundo o Reino invisível.”
Isso significa que a missão da Igreja não se resume à evangelização verbal, mas inclui a encarnação da justiça, da paz e da reconciliação no cotidiano.
Ela é, ao mesmo tempo, voz e presença — proclama a verdade e vive a verdade.
Por fim, a missão da Igreja só será autêntica quando estiver alinhada com o coração de Cristo: um coração que não exclui, não domina, não negocia a verdade, mas que ama, serve e transforma.
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